quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Pão por Deus: uma tradição muito nossa

O Doçura ou Travessura Português

Um dos pontos de enfoque da cultura popular americana, que nos chega pela televisão e Internet, é a doçura ou travessura. É, no entanto, engraçado ver que algo semelhante existe tradicionalmente registado em Portugal.


O Pão por Deus é uma tradição antiga e muito semelhante ao dia das Bruxas ou Halloween (dos países anglo-saxónicos), no qual as crianças batem às portas pedindo doces ou travessuras (trick or treat). No dia 1 de novembro, Dia de Todos-os-Santos em Portugal, as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão por Deus (ou o bolinho) de porta em porta.

Origem do Pão por Deus
Exatamente um ano após o grande terramoto de 1755 – que destruiu parte da cidade de Lisboa – e coincidindo esta data com o Dia de Todos os Santos, a população aproveitou a festividade religiosa para organizar um peditório. A intenção era a de começar uma tradição que lembrava os seus mortos.
As pessoas percorreram assim toda a capital, batendo às portas e pedindo qualquer esmola, mesmo que fosse apenas pão. Nesta época, a fome e a miséria sentiam-se pela cidade. Dado o desespero, as pessoas pediram “Pão, por Deus”. Em troca muitos pedintes receberam pão, bolos, vinho e outros alimentos para honrar os seus mortos e pedir pela sua alma – por isso, este dia também é conhecido como o “Dia do Bolinho“.

É essa a origem deste ritual cristão, no qual as crianças que participam nos peditórios representam as almas dos mortos que «neste dia erram pelo mundo».



A tradição manteve-se ao logo dos tempos, sobretudo fora das grandes cidades, e com duas alterações significativas. O “peditório” passou a ser feito apenas por crianças, e, em vez de pão, os donos das casas dão hoje bolinhos, romãs e frutos secos (em Trás-os-Montes, por exemplo) ou doces e guloseimas e também há quem dê dinheiro.


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